sábado, 19 de março de 2011

Fluxo de turismo entre Brasil e Estados Unidos pode ser desburocratizado






Foto: Ag. AP









 Brasília – O acordo a ser anunciado pelos presidentes do Brasil,
Dilma Rousseff, e dos Estados Unidos, Barack Obama, será “o mais amplo
possível”, disse o  ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Fernando Pimentel, ao falar sobre o assunto na última
quinta-feira (17). Perguntado se o acordo seria tão amplo a ponto de
incluir a dispensa de visto nos passaportes, o ministro afirmou que não
sabia, mas arrematou mineiramente: “Seria bom, né?”




Esse é um dos assuntos mais discutidos nas relações bilaterais como
de fundamental importância para estimular o fluxo de turismo nos dois
sentidos, mas o desfecho é sempre adiado. Com a vinda do presidente
norte-americano a Brasília, criou-se a expectativa de que um dos gestos
de boa vontade do visitante poderia ser a inclusão do Brasil no Visa
Waiver Program (VWP) – lista de 36 países dispensados de visto nos
Estados Unidos.




Autarquia responsável por aumentar o movimento de visitantes ao
Brasil, a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) entende que uma
flexibilização nas regras sobre vistos contribuiria favoravelmente para o
crescimento do turismo entre os dois países. O presidente da Embratur,
Mário Moysés, afirmou que a concessão de vistos envolve diferentes
questões de ordem diplomática, mas ressaltou que o tema está na pauta de
discussões.




Para reforçar as análises técnicas sobre o assunto, a US Travel
Association, que congrega agências de viagens nos Estados Unidos,
encaminhou carta recentemente ao presidente Barack Obama, solicitando
flexibilização do visto de viagem para brasileiros, pelo prazo de 90
dias, conforme revelou o vice-presidente de Marketing Internacional da
entidade, Luiz Moura.




Ele acredita que as resistências norte-americanas à exigência de
vistos de turistas brasileiros estão sendo naturalmente minimizadas, uma
vez que a própria taxa de rejeição aos pedidos de visto caiu para menos
da metade nos últimos dez anos, e atualmente está numa faixa em torno
de 5% ao ano. Esse nível permite ao país um tratamento diferenciado na
VWP, segundo ele.




Os números sobre o fluxo turístico nos dois sentidos são defasados,
uma vez que o Anuário Estatístico de Turismo, relativo a 2010, ainda não
foi divulgado. Mas os dados referentes aos dois anos anteriores mostram
mais brasileiros viajando para os Estados Unidos do que no sentido
inverso, em razão principalmente da crise financeira de 2008, que
provocou maior impacto na economia norte-americana.




Em 2009, ano em que o turismo estrangeiro para os EUA caiu muito em
decorrência dos efeitos da crise, principalmente dos turistas de países
europeus, 892.611 brasileiros aproveitaram a desvalorização do dólar
ante o real para visitar o país e fazer compras em terras
norte-americanas. Houve aumento de 16% em relação aos 769.232 turistas
brasileiros registrados em 2008.




Os brasileiros deixaram US$ 4,2 bilhões nos Estados Unidos em 2009.
Mas, de acordo com estimativa da US Travel, o número de visitantes
brasileiros aumentou para algo em torno de 1,1 milhão de pessoas, e o
volume de dinheiro gasto se aproxima de US$ 10 bilhões.




Segundo maior emissor de turistas para o Brasil, com pouco mais de
12% de todos os estrangeiros que visitam o país – atrás apenas dos 20%
estimados de argentinos - os EUA mandaram 603.674 pessoas para cá em
2009. Menos, portanto, que os 625.506 norte-americanos que nos visitaram
em 2008, acompanhando uma tendência mundial que reduziu o número de
viagens de lazer pelo mundo.




A retração resultou em prejuízo para o turismo receptivo do Brasil -
enquanto o país mandava mais gente para o exterior, contabilizava
quedas nas entradas de estrangeiros, que somaram 5,05 milhões de visitas
em 2009, mas diminuíram para 4,8 milhões no ano passado, de acordo com
números do Ministério do Turismo.




A conta de viagens internacionais fechou 2010 com déficit de US$
10,5 bilhões, resultado de despesas de US$ 16,4 bilhões e receitas de
US$ 5,9 bilhões, segundo números do Departamento Econômico do Banco
Central. Houve, portanto, um acréscimo de 87,5% no déficit de viagens
relativo a 2009, que foi US$ 5,6 bilhões.





 








Fonte:


Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil


Edição: Aécio Amado

http://agenciabrasil.ebc.com.br

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